Todos os dias tenho a minha frente um paradoxo:
a eternidade da morte; a brevidade da vida.
Só tenho o tempo presente, o agora.
Todo o resto me escapa, apenas memórias ou expectativas.
Por isso, todo abraço pode ser o último.
Todo encontro pode não voltar a acontecer.
Então, por que tantos apegos, rancores e mágoas?
A santidade não é para depois.
É para agora, para este momento.
A pobreza faz-me lembrar de que nada levarei em minha partida.
A aflição terrena recorda-me que terei consolo de um Pai.
A mansidão mostra-me que tenho uma herança divina.
Se sinto fome e sede de justiça, é porque serei saciado.
A misericórdia e a pureza de coração recordam-me que
minha origem é a luz, e não as trevas.
Dai-me a graça, Senhor, de contemplá-lo face a face.
Reservai junto a Vós a minha morada,
pois enquanto ainda vivo minha jornada,
a santidade buscarei viver.
Ser todo do Céu, antes que nele possa habitar:
eis o feito de Todos os Santos.
(Do projeto "Versos na Palavra". Inspirado na liturgia da Solenidade de Todos os Santos)